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Mulheres e arquitetas importantes

Elyzia Rodrigues | 8.3.16 | | | | |
Feminismo – Movimento social, político e filosófico que prega a igualdade de direitos entre homens e mulheres e o fim das opressões patriarcais. “

Neste Dia Internacional da Mulher conhecendo de todos os direitos conquistados até aqui e ainda o longo caminho de lutas para a real igualdade de direitos entre homens e mulheres, surge a seguinte pergunta: Você consegue enumerar na arquitetura pelo menos 10 arquitetas que foram importantes ao longo da história? Só consegue se lembrar de arquitetos... Sim, é muito mais fácil...





Foto: Nelson Kohn - Archdaily
Casa Rio Bonito - Serra do Rio Bonito - RJ -2005
Arq. Carla Juaçaba

Então vamos enumerar aqui algumas das arquitetas que contribuíram para a arquitetura, embora tenham passado boa parte da história sem o devido reconhecimento e de como isso começa a mudar, mesmo que lentamente.

Sendo assim temos que começar pelas mulheres pioneiras na arquitetura, aquelas que entre o fim do século XIX e início do século XX enfrentaram mais do que os desafios do fazer arquitetônico, enfrentaram também os preconceitos por serem mulheres e em alguns casos mulheres negras ou mestiças.



Foto: Muslim Mirror
Sede da Unesco - Paris - França- a953
Arq. Beverly Greene


É o caso da americana Julia Morgan, primeira mulher licenciada a trabalhar com arquitetura em 1904. Este marco é muito significativo para a história da profissão, pois a também americana Sophia Hayden Bennet, arquiteta formada em 1890, sofreu severamente com o machismo e praticamente não pôde atuar e quando podia, recebia menos de um décimo da remuneração de um arquiteto homem. Injustiça é pouco...

Outras arquitetas como Martha Cassell, Norma Merrick Sklarek, Georgia Louise Harris e Beverly Lorraine Greene são também mulheres pioneiras no enfrentamento do preconceito racial na profissão. Essas quatro mulheres negras ou mestiças marcaram a trajetória da arquitetura como figuras representativas, pois foram as primeiras a buscar o reconhecimento e respeito em meio a uma profissão totalmente inserida em um rígido sistema patriarcal.
 
Foto: Dica da Arquiteta
Direita: Norma Merrick Sklarek. Esquerda, de cima para baixo: 
Sophia Hayden Bennet, Beverly, Lorraine Greene e Martha Cassell


A luta nunca foi fácil para as mulheres... 

Mesmo que essas mulheres tivessem grande talento e conseguissem contribuir de maneira substancial ao fazer arquitetônico raramente conquistaram os méritos por seus excelentes feitos, pois somente aos homens era dado esse direito. A elas cabia ficar á sombra de seus parceiros profissionais que algumas vezes era também marido. 

Este é o caso da finlandesa, esposa de Alvar Alto, Aino Aalto, da americana, esposa de Charles Eames, Ray Eames, da irlandesa Eileen Gray e da francesa Charlotte Perriand, ambas parceiras profissionais de Le Corbusier. Embora em consequências de reviravoltas políticas, a alemã Lilly Reich, parceira de Mies van der Rohe durante 13 anos raramente é citada. Já a americana Marion Mahony Griffin, além de sua colaboração (não reconhecida) em parceria com Frank Lloyd Wright, foi uma grande desenhista e ilustradora do estilo da Pradaria, além do projeto para a cidade de Canberra na Austrália. O caso mais conhecido de relegar a importância da contribuição feminina a segundo plano foi vivida pela arquiteta americana Denise Scott Brown casada com Robert Venturi, pois somente ele recebeu o Prêmio Pritzker por uma trajetória que, na realidade, era notadamente dos dois.
 
Foto: ARqbacana
Vanna Venturi House - Philadelphia - EUA - 1964
Arq. Denise Scott Brown e Robert Venturi

As coisas mudam, mesmo que lentamente...

Atualmente podemos enumerar algumas arquitetas que se destacaram por obras de elevada qualidade. Muitas projetaram edifícios que hoje são símbolos de uma época ou formadores da identidade de um lugar. Seja por aspectos estéticos, funcionais ou técnicos, as obras projetadas por essas arquitetas são inegavelmente relevantes e chamam atenção. 

A arquiteta japoneza Kazuyo Sejima, vencedora do Pritzker junto com o também arquiteto japonês Ryue Nishizawa possui edifícios marcantes espalhados pelo mundo. 

Foto: Circuito Cultural Liberdade
Espaço do Conhecimento UFMG - Belo Hozizonte - MG - 2010
Arq. Jô Vasconcelos

Assim como ela, a iraquiana Zaha Hadid, a iraniana Farshid Moussavi, a italiana Gae Aulenti, as americanas Annabelle Selldorf e Jeanne Gang, a espanhola Carme Pinós, a canadense Marianne Mckenna e a francesa Odile Decq possuem obras reconhecidas ao redor do mundo, com projetos de arquiteura premiados e internacionalmente reconhecidos pela qualidade dos trabalhos desenvolvidos. Aqui no Brasil, são destaque as arquitetas Carolina Bueno, Jô Vasconcelos,  Freusa Zechmeister, a franco-brasileira Elizabeth de Portzamparc e a ítalo-brasileira Lina Bo Bardi reconhecida pela qualidade e inventividade de seus projetos como o Museu de Arte Moderna de São Paulo.

Foto: Pura Cal
Casa de Vidro - São Paulo - SP - 1951
Arq. Lina Bo Bardi

As mulheres contribuíram e ainda contribuem no planejamento urbanístico das cidades, não só através de projetos, mas também com teorias urbanísticas. Nomes como os da americana Jane Jacobs, a francesa Françoise Choay, a argentina Zaida Muxi e as brasileiras Maria Elaine Kohlsdorf, Paola Berenstein Jacques, Raquel Rolnik, Silke Kapp e Ermínia Maricato possuem importante atuação na área.

No âmbito de obras paisagísticas as mulheres também contribuíram bastante como a americana Kathryn Gustafson que chama a atenção pela qualidade do trabalho com parques, ou as brasileiras Lota de Macedo Soares, autodidata, responsável pela coordenação e tombamento do Parque do Flamengo no Rio de Janeiro, e Rosa Grena Kliass, que trabalhou em diversos projetos de parques no Brasil, desenvolveu uma produção teórica relevante e fundou a Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas – ABAP.

Foto: Vitruvius
Casa de Vidro - São Paulo - SP - 2005
Arq. Paisagista Rosa Grena Kliass

Voltadas para as questões das desigualdades sociais e com o intuito de democratizar a arquitetura a inglesa Jane Drew projetou escolas, habitações de interesse social e hospitais para Chandirgarh, na Índia. A também inglesa Julia King desenvolve atualmente nesse país um importante trabalho de saneamento. Já a americana Julie Eizenberg enfatiza a importância de se ter construções econômicas, mas de excelente arquitetura, evidenciando a responsabilidade social da profissão.



Foto: Sumitt Media LLC
Mfantsipim School  - Cape Cost - Gana - 1947
Arq. Jane Drew e Maxwell Fry

Aqui no Brasil, Mayumi Souza Lima atendeu especialmente às necessidades das crianças, discutindo e analisando os espaços destinados e projetados para elas. Já Elisabete França trabalha principalmente com planos habitacionais de áreas vulneráveis (favelas, cortiços e locações fundiárias). 

Com a necessidade de pensar o edifício não só como produto final, mas pensar todo o processo de construção, a sustentabilidade tem como diretriz a diminuição do impacto ambiental, economia de recursos e o uso de materiais alternativos. Nessa área destacam-se a francesa Françoise Hélène Jourda com projetos e estudos acadêmicos, as brasileiras Carla Juaçaba que lida com a relação obra e contexto de maneira primorosa e Leiko Motomura que é referência na utilização de bambu nas construções, assim como a balinesa Elora Hardy.

Foto: Visualize us
Centro Max Fetter - Pardinho - SP
Arquitetura: Leiko Hamamoto
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Centro Max Fetter - Pardinho - SP
Arquitetura: Leiko Hamamoto
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Centro Max Fetter - Pardinho - SP -2009
Arquitetura: Leiko Hamamoto

Sim, com certeza depois de tudo isso, a sua lista de mulheres e arquitetas importantes ao longo da história certamente terá mais do que apenas 10 nomes. 

Conhece alguma arquiteta que não foi citada aqui? Conta pra gente a importância dela para a produção arquitetônica do Brasil ou de qualquer outra parte do mundo. 

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